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25/04/2022 18:02:58

Gazeta do Povo: Reajuste de 5% desagrada e servidores federais prometem intensificar greve
Diretor da Aojustra fala sobre a mobilização dos servidores federais pela recomposição das perdas inflacionárias.

Um possível reajuste de 5% no salário dos servidores públicos federais, aventado nas últimas semanas, acabou por colocar ainda mais "lenha na fogueira" do movimento grevista. As categorias em greve, que têm reivindicado uma recomposição de pelo menos 19,99%, já manifestaram insatisfação com o aumento proposto pelo governo e indicam que devem intensificar a mobilização.

O Planalto ainda não bateu o martelo sobre a questão, e a expectativa é que continue levando a situação em banho-maria pelas próximas semanas.

Sem aceno do governo, servidores, por meio do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) e do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonsefe), devem levar as propostas aos presidenciáveis em evento que será realizado em maio no Rio de Janeiro. Além da recomposição inflacionária e das demandas de reestruturação de carreiras, o funcionalismo deve pedir aos pré-candidatos a revogação da Emenda Constitucional nº 95, que criou o teto de gastos públicos.

"Bolsonaro não nos recebeu em três anos de sua gestão. Só se manifestou agora, em ano de eleição. Queremos apresentar nossas propostas para [o ex-presidente e candidato ao Planalto] Lula, Ciro Gomes", afirma Thiago Duarte Gonçalves, coordenador da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe) e diretor da Aojustra.

O reajuste aventado também não agradou aos servidores das forças de segurança, que, inicialmente, seriam alvo das benesses prometidas pelo presidente. A categoria, considerada base eleitoral importante para Bolsonaro, recebeu, no último ano, a promessa uma reestruturação ampla das carreiras, inclusive com recomposição salarial acima da inflação.

"Agora, possivelmente, com adesão dos servidores da área da segurança pública, que foram enganados pelo governo, que foi a público dizer que reestruturaria essas carreiras e agora anuncia que não vai cumprir acordo firmado. Os servidores têm mais é que protestar e esperamos construir agora uma mobilização unificada do serviço público, para exigir tratamento digno", diz Rudinei Marques, presidente do Fonacate.

Marques afirma que uma possível recomposição geral linear de 5% para o funcionalismo em nada altera o calendário de mobilização previsto para as próximas semanas. "Pelo contrário, haja vista que é um percentual insuficiente para atender as perdas salariais, que chegarão ao final de 2022 ao patamar de 30% a 40% de perda de poder aquisitivo, as mobilizações devem se intensificar, para aproveitar calendário orçamentário legal", diz ele.

Repasse das perdas inflacionárias

Thiago Gonçalves fala sobre a insatisfação geral entre os servidores e ressalta que "ninguém é contra os 5%, em si". "Estamos indignados pelo valor irrisório de reajuste. Se considerar o Imposto de Renda, a contribuição previdenciária, que vai aumentar, o plano de saúde... o líquido mesmo de reajuste daria cerca de 2,5%", afirma em entrevista à Gazeta do Povo. "Ninguém é contra os 5%, em si. Mas queremos mais, considerando ao menos a inflação dos últimos 12 meses."

"Se tem orçamento para Viagra, ônibus, orçamento secreto, por que não teria para o trabalhador?", questiona o representante dos servidores do Judiciário, em referência às notícias da aquisição do medicamento pelo Ministério da Defesa. Segundo ele, os servidores têm "procurado atenuar o prejuízo à população o máximo possível através das medidas de emergência" e que, passado o período grevista, devem "colocar o serviço em dia o mais rápido possível".

Fonte: Gazeta do Povo, editado por Caroline P. Colombo