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31/07/2019 17:15:53

Crônicas: Aojustra divulga outras duas histórias enviadas por Oficiais de Justiça
Concurso segue até o próximo dia 10 de agosto com premiações aos participantes.

A Aojustra realiza, até o próximo dia 10 de agosto, o Concurso de Crônicas sobre o dia a dia do oficialato. O intuito é registrar a atividade do Oficial de Justiça, através de histórias reais que podem ser engraçadas, sensíveis, inusitadas ou até sobre os riscos enfrentados no cumprimento das ordens judiciais. 

Os cinco primeiros colocados serão contemplados com uma viagem para Colônia de Férias em Caraguatatuba conveniada com a Associação, além de outros prêmios que serão entregues aos participantes durante a confraternização de final de ano da Aojustra.

Para participar, o Oficial deve enviar a crônica para os e-mails aojustra@outlook.com e ane.galardi@gmail.com. É importante que o texto esteja devidamente identificado com o nome completo do autor, bem como a lotação e um número de telefone para contato. 

“A cada nova semana a Aojustra recebe textos de colegas Oficiais com histórias reais do dia a dia na função. Convidamos mais Oficiais a se inspirarem e nos enviarem crônicas para que consigamos implementar a ideia da elaboração do livro”, afirma o presidente Thiago Duarte Gonçalves.

Na divulgação desta semana, a Aojustra apresenta os textos enviados pelos Oficiais Fernando Welmer Rodrigues de Carvalho Ferreira, da 78ª VT de São Paulo; e Bruna Vivian Eustachio de Toledo Piza da 27ª VT de SP.

Confira as crônicas:

Diligência à Lusitana no Brasil
 Por Fernando Welmer Rodrigues de Carvalho Ferreira (78ª VT/SP)

Todos de prontidão....um plantel de oficiais de justiça em aquecimento....dentre os profissionais, havia alguns amantes do futebol como eu, e todos nós estávamos à postos e distribuídos em grupos de 4 (quatro) em 4 (quatro) - como se fosse um sistema de atacantes de futebol no sistema 4x4x2 - para o cumprimento da ordem judicial emanada pelo Poder Judiciário em face da querida Portuguesa de Desportos - clube desportivo que infelizmente se enquadrava como o principal e único devedor de vários processos judiciais trabalhistas...

A missão foi criteriosamente planejada às vésperas do evento, sob a coordenação da comissão técnica da Central de Mandados - dona da bola -, tínhamos que entrar em campo e dar início aos trabalhos....

Estávamos apreensivos e tristes a apreensão e a tristeza não se dava pela natureza do trabalho em si... mas, também, principalmente, pelo fato de que a executada no processo judicial trabalhista era a nossa querida Portuguesa de Desportos - time de futebol que alguns de nós (como eu) tanto amávamos...

Quem não se lembra dos tempos áureos da época do futebol arte em que se abriam "as cortinas" do gramado e começava o espetáculo... (narração do locutor de radio, Fiori Giglioti) e dali despontavam grandes atletas, técnicos e profissionais do futebol que entravam em campo e jogavam bola simplesmente pela arte e pelo prazer de jogar sem se preocupar com o vil metal (para a alegria dos torcedores da Capital).

Quem não se recorda do grandes jogadores e profissionais do futebol que por lá passaram, tais como: Ze Roberto, Dida, Ricardo Oliveira, Gallo... - os quais redigiram uma épica história para o futebol do nosso país tal qual Luís de Camões o fez com "Os Lusíadas" para Portugal...

Quantos de nós, por mais que o tempo passe, não consegue esquecer aquela emocionante final do Campeonato Brasileiro entre Portuguesa Desportos X Grêmio - (o Gigante Adamastor) - em 1996, quando   aos 39 (trinta e nove) minutos do segundo tempo a torcida da capital já carregava consigo a taça de campeã em uma de suas mãos – todavia por um descuido... ou por ironia do destino... nos esquecemos que "o jogo só termina quando acaba" e acabamos como vice-campeões "em mares nunca dantes navegados".

Não podemos acreditar que uma grandiosa história de um clube de futebol como a história da nossa querida Lusa possa ser "arrematada" por um fim tão triste (se é que chegou ao fim).

Nós oficiais de justiça temos plena consciência de que somos os porta-vozes do Poder Judiciário no cumprimento da lei.

"Tudo vale a pena se a alma não é pequena" (Fernando Pessoa).

Diante disso, por mais duro que seja o nosso mister... por mais dolorosa e triste que seja a realidade que tenhamos que enfrentar... (desbravando de corpo e alma os rincões do nosso país a fim de levar a justiça à população)... temos conosco a crença de que a história deixada pela Lusa nos tempos áureos do futebol sempre estará viva em nossos corações e, principalmente, continuará servindo como exemplo para que outros profissionais - como nós e outros amantes do esporte em geral - consigamos contribuir para tirar as crianças da rua e da miséria com o objetivo único de formar novos atletas e profissionais dignos de respeito e de aplausos...

Não podemos deixar de trabalhar e, principalmente, de acreditar em uma Constituição Federal que nos traga mais prosperidade, mais dignidade, mais saúde, mais segurança e pleno emprego.

"Navegar é preciso" (Fernando Pessoa). Força Lusa!!!

Força Brasil!!!


O casarão misterioso
 Por Bruna Vivian Eustachio de Toledo Piza (27ª VT/SP)

Quando eu atuava numa área muito nobre de São Paulo, lembro-me de um enorme casarão, com janelas antigas de madeira entalhada muito bem conservadas, contornado por muros altos, que me despertava muita curiosidade, pois do lado de fora não dava para ver o que de fato havia lá dentro. Alguns diziam que havia sido uma instituição de ensino e que atualmente o prédio estava desocupado. Outros comentavam que era utilizado por cineastas para gravação de filmes e novelas.
 
 Certa feita eu recebi um Mandado de Citação destinado a uma escola. Ao chegar no local, notei que se tratava do tal imóvel misterioso, mas o endereço era de uma entrada pelos fundos. Achei uma ótima oportunidade de desvendar aquele mistério.
 
 Chegando lá, havia um discreto segurança no portão de entrada, que me informou que estava instalado ali um Convento e não uma escola. Pedi para falar com um responsável e ele me oportunizou a entrada, dizendo que eu deveria aguardar a Madre Superiora. Pedi que fosse o mais breve possível, pois eu ainda tinha que ir em muitos outros lugares cumprir outras diligências e não podia esperar por muito tempo.
 
 Quando aquele portão enorme se abriu eu não acreditei no que vi: uma cena simplesmente encantadora, repleta de cores, aromas e sons. Um lindo jardim, muito bem cuidado, ornado com delicadas flores, folhagens exuberantes, árvores frutíferas e um perfume que só a natureza é capaz de nos dar, tudo isso embalado pelo suave canto dos pássaros.
 
 Segui por um caminho delicadamente traçado em meio àquela paisagem graciosa e fui encaminhada para uma sala de espera muito limpa, onde havia apenas duas poltronas, um sofá, uma mesinha lateral com um vaso com uma ramagem natural e um grande crucifixo na parede, e sentei bem em frente ao jardim. Por aproximadamente meia hora eu fiquei ali, estática, e confesso que não percebi os minutos passarem. Admirava aquele jardim inebriante, olhava o crucifixo e não conseguia pensar em nada, completamente imersa naquele ambiente de paz, em meio ao perfume e aos sons da natureza.
 
 Quando a Madre Superiora chegou, explicou-me de maneira muito educada que ali já havia sido uma escola, mas que atualmente é uma espécie de casa de repouso para freiras muito idosas.
 
 Agradeci a atenção e me despedi, caminhando muito lentamente até o portão, procurando gravar na memória todo aquele momento, aquela sensação de serenidade, de que o tempo parou e de estar completamente em paz.
 
 Inacreditável como no meio do caos da cidade grande e do meu dia conturbado eu tive o prazer de me deparar com um ambiente calmo e enternecedor, um pedacinho do céu cuja imagem e sensação eu nunca mais esquecerei.
 
 E nos dias em que passo na frente daquele lugar sempre respiro fundo e fecho os olhos, procurando resgatar aquele momento que serviu como um bálsamo para meu coração acelerado num dia normal de trabalho.

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Da assessoria de imprensa, Caroline P. Colombo